sábado, 11 de agosto de 2012

PARA SE RESPEITAR, RESPEITAR


Engraçado é que isso é para mim mesma: 

A ÚNICA MANEIRA DE SE RESPEITAR É RESPEITAR!

Hoje, eu não respeitei. Invadi. Fiz com quem culpava ter me feito o mesmo que me havia feito: magoei. Senti que não deveria mantê-la como culpada, tenho capacidade de compreender a loucura do outro, como a minha, mas, não o fiz. Senti duplamente: o que é estar na pele de vítima - mesmo depois entendendo que não sou - e sei o que é estar na pele de algoz, agindo como quem me "vitimou". Não é legal. Não sou eu. Não faz parte mais de mim agir assim. Precisei fazer para entender que nada precisava ser feito. Só tenho o dever legítimo de mexer em mim e em ninguém mais. E, com isso, entendi que além desse dever legítimo, tenho o direito legítimo de não aceitar certas invasões. Precisei invadir para ver que não é meu ser invasiva. 

Precisei desrespeitar para sentir o quão mais importante é o respeito. Não julgar não me faria deixar as portas escancaradas, apenas, compreenderia a estabeleceria uma distância natural. Se não há elo, poderiam forçar, mesmo assim, a mim caberia o direito de negar o acesso e pronto. E só. 

Nem mesmo em nome dos meus eu poderia ter comprado uma briga que não é minha. Caberiam às partes se resolverem,

Quanta falta faz respirar. Assim, pude ver a diferença do meu movimento sincero e ver que estar aberto é não fugir de si. Quem continua a se colocar como acima de todos e não se vê age como se fosse o que não é e nem vê o que faz, onde todo mundo vê, porque assim ela age, assim ela faz... 

Bom, agora, para redimir, apenas calar no agir. Deixar lá, como já estava. Não adianta forçar a natureza... não é natural. Ela não vê, mas eu vejo. Se eu vejo, tenho o compromisso com a vida consciente de agir. Assim farei, Mestre Vida. Mestre Tempo, me guia. Natureza, assuma o seu lugar! Aqui só entra quem há de entrar. Nem force passagem... agora mesmo é que não dá!

Anita!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O GRANDE PROBLEMA DA IDOLATRIA

Os girassóis seguem o sol.

Credo, viu?! No geral, quando me perguntam: "um ídolo?". Eu não tenho resposta... Igual a "qual o seu maior defeito e a sua maior qualidade?". São tantos e tantos que nunca sei a melhor resposta. A diferença é que não consigo idolatrar ninguém... Admiro um mundo de gente, mas, idolatrar é uma imensa dificuldade que tenho. Talvez seja um defeito. Talvez, uma qualidade...

O que me levou a postar sobre esse assunto foi uma observação simples, para variar, em meu dia a dia. Meu cotidiano é meu guia. É, será que idolatro o dia dia demais? Êta! Ponto para reflexão.

Voltando: 

Numa situação que vivenciei, percebi uma - aliás, duas... - coisa (s): 1 - não idolatro ninguém; 2 - não gosto de ser idolatrada.

Quem disse que apenas as celebridades pode ser um "ídolo"? O simples fato de sermos um exemplo para alguém já nos coloca a um passo da idolatria. "...a um passo" porque admirar é uma coisa bacana; idolatrar é um perigo! Isso só quem vai dar o tom da diferença é o "adorador" ou admirador. 

O adorador cria uma imagem para venerar. Não vê o ídolo como realmente é, vê como quer que seja. Esse é o perigo: expectativa. Uma expectativa pautada na espera, enquanto desenrola-se alguma ação é uma coisa, mas, uma expectativa levantada, criada, vivida e assimilada no mundo da fantasia é algo abstrato demais e sem sentido real. Assim, no momento em que o "adorador" sente-se - sim, em geral a decepção vem porque a gente se sente magoado pelo outro, e nunca entendemos que fomos nós que nos permitimos magoar... toda mágoa é fruto de um melindre, de um orgulho, de uma vaidade ferida... isso em diversas proporções, mas, no fundo, esse trio está lá - não correspondido, detona. Detona a imagem do ídolo. Aí, até quem sabe quem você é passa a te ver de outra maneira, pelo ângulo do "adorador" ferido... Lidar com criação e expectativa infundada é falta de um monte de coisa, principalmente de senso de realidade e de respeito a si e ao outro.

Quantas pessoas conhecemos - e até nós mesmos - que se chateiam quando a gente não tem aquele tempo que ele precisa tanto? Gente, isso lá é falta de sentimento? Ou é falta de tempo? Para um amigo a gente sempre tem um tempinho, mas, na hora que dá, porque em alguns momentos nosso tempo mental fica precisando de tempo, também, para lidar com as própria emoções. A gente exige e é exigido demais. Mal entendidos se fazem. Cobranças se desencadeiam... Quando a pessoa em questão é um ser idolatrado, coitado! O mundo desaba. 

Onde fica cada um fazer o esforço da compreensão? Eu, até hoje, não entendo essa matemática do "tenha paciência com fulano(a)..." e onde fica o "fulano, tenha paciência! Tenha paciência com beltrano..."? Eu escutava muito coisas do tipo: "compreenda fulano...". Ninguém se dá a oportunidade de se conhecer, de sugerir que "fulano" se conheça e se ajude, para não contar com a compreensão alheia e não sair destruindo a imagem dos outros irresponsavel e infantilmente, pedindo para ser compreendido em cada ação sem consciência. Não me refiro apenas a imagem superficial, mas, "imagem" como a representação daquele ser. Em geral, lidamos com as imagens que criamos, muito mais com o "quem realmente é". Impossível agradar a um "adorador"... ele nem sabe o que está "adorando", apenas, se deixa levar pelas próprias ilusões e criações.

Assim, as pessoas que se magoam com facilidade, por viverem num patamar superficial de si e perdidos num mundo de fantasia, desenvolvendo um enorme medo da realidade e chamando isso de vida, são um perigo ambulante e nem se dão conta. Que seja. Desde que não interfira na vida dos outros. Se cada um de nós tem a liberdade para escolha de como viver a própria vida, cada um de nós tem a liberdade para viver a própria vida, não a do outro. Esse é o problema da idolatria. Essas pessoas com sérias dificuldades em transitar pelo real, orbitam e gravitam pelo irreal e fantasioso mundo próprio e, quando entendem que o outro não é mais um habitante do seu mundo e que seu mundo é só seu, se frustra e "pira o cabeção": surta. Como não admitem, jogam, mais uma vez, uma criação própria no outro. Então, o ser idolatrado é que foi "mau". Na verdade, não há "bom" ou "mau", existe bom ou mau uso de nós mesmos.

Meu maior defeito e minha maior qualidade variam. Hoje, um  grande defeito pode ser a qualidade a ser desenvolvida amanhã. Mania de nivelarmos tudo pelo "negativismo". Se é algo ruim, vamos dar um jeito nisso, oras! Bom, nem me pergunte se é fácil... eu bem sei que é simples, mas, nada fácil! Por isso que nem quero ser idolatrada e nem idolatro. Muitas decepções surgiram daí: expectativas infundadas. Quem não vê a realidade, não tem consciência de si e da existência do outro... vai "levar tudo por um quilo". Mundos próprios são para serem explorados, para, assim, evoluírem. 


Certa vez e li em um livro muito bacana - gosto é gosto e eu gostei... me identifiquei com a leitura - chamado "A Voz do Silêncio", de Helena Blavatsky, onde ela aborda as três salas:

        "Diz a grande Lei: “Para te tornares o conhecedor da Personalidade Total (9), tens primeiro de conhecer a Personalidade”. Para chegares ao conhecimento dessa Personalidade, tens de abandonar a personalidade à não-personalidade, o ser ao não-ser, e poderás então repousar entre as asas da Grande Ave. Sim, suave é o descanso entre as asas daquilo que não nasce, nem morre, mas é o AUM (10) através de eras eternas (11).

            Cavalga a Ave da Vida, se queres saber (12).

            Abandona a tua vida, se queres viver (13).

            Três salas, ó cansado peregrino, conduzem ao fim dos trabalhos. Três salas, ó conquista­dor de Mara, te trarão através de três estados (14) até ao quarto (15), e daí até aos sete mundos (16), os mundos do descanso eterno.
            Se queres saber os seus nomes, escuta-os e aprende-os.

           O nome da primeira sala é Ignorância - Avidya. É a sala em que viste a luz, em que vives e hás de morrer (17).
            O nome da segunda sala é a Sala da Aprendizagem (18). Nela a tua Alma encontrará as flores da vida, mas debaixo de cada flor uma serpente enrolada (19).

           O nome da terceira sala é Sabedoria, para além da qual se estende o mar sem praias de Akshara, a fonte indestrutível da onisciência (20) .

            Se queres atravessar seguramente a primeira sala, que o teu espírito não tome os fogos da luxúria que ali ardem pela luz do sol da vida.

        Se queres atravessar seguramente a segunda, não pares a aspirar o perfume das suas flores embriagantes. Se queres ver-te livre das peias cármicas, não procures o teu Guru nessas regiões mayávicas.

            Os sábios não se demoram nas regiões de prazer dos sentidos.

            Os sábios não dão ouvidos às vozes musicais da ilusão.

            Procura aquele, que te dará o ser (21), na Sala da Sabedoria, a sala que está para além, onde todas as sombras são desconhecidas e onde a luz da verdade brilha como uma glória imorredoura."
 A ilusão é a nossa maior inimiga! Um mundo de ilusão é um mundo não real. Isso é perigoso, quando mergulhamos nesse mundo de ilusão - ou, de Maya - e perdemos o contato com a consciência do real. Ah, só um detalhe: não sou teosófica, muito menos estou a fazer pregação para qualquer entidade, instituição ou afins. Apenas, como ávida leitora da Vida, me permito o deleite, o prazer em buscar, em conhecer. Saber é uma parte do caminho. Contentar-se com o que sabe, ou, não aplicar o que já sabe, é pouco para mim e não faz o menor sentido. Eu gosto de mais e mais. Também não sou isso tudo, apenas sou eu e me relaciono assim comigo: lendo, escrevendo e vivendo a minha vida e a minha trajetória. Lá e cá. No meu mundo de fantasias e na realidade. Dessa maneira vou me buscando e me conhecendo - me desconhecendo, também. Assim, vou-me. Sem ídolos ou idolatrias, mas, idolatrando meu cotidiano, meu dia a dia!

Curvo-me diante do sol que nasce, porque ele não nasce, ele apenas volta e a gente nem se dá conta... Porque ele - o sol - não se foi, a gente que mudou de lado. Quem vai é a gente... quem gira em torno dele, somos nós. Ele é o Rei, soberano, astro-rei! Ele nos tem ao seu redor e a gente diz que ele se foi... que se pôs... nós nos pusemos, nós é que giramos. Um dia, elevados, pararemos de andar para os lados e seguiremos no rumo certo. Essas pessoas que andam como baratas tontas e se dizem "dinâmicas", cuidem-se, terão um trabalho muito maior para retomar o caminho. Mas, sem desânimo, é melhor parar e voltar do que seguir a ermo. Melhor 40 anos no deserto comendo pão que cai do céu e água que jorra de pedra, do que beber-se e fartar-se de carne e vinhos sem um Sentido Maior. Existe um Criador e  nós, criaturas, em vez de o seguirmos, idolatramos a imagem que criamos Dele, depois, cobramos Dele as nossas frustrações pessoais e causadas pela nossa própria ignorância de nós mesmos!

Por fim, sejamos mais.Calar, quando for para calar. Falar quando for para falar. Ouvir quando for para ouvir. Tempo para cada coisa. Tempo para tudo. Tempo para nada. Tempo para saber lidar com os tempos que vivemos e que criamos.

Anita.